21 de jun. de 2009

Homenagens à Ditadores


O assunto tecido, é sobre o valor, importância, estima, que ofertamos, enquanto sociedade Brasileira, a pessoas que marcaram a história do Brasil de forma negativa.
A história do Brasil, apesar de apenas 509 anos, é permeada de homens e mulheres que, positivamente ou negativamente, marcaram época, uns de forma mais intensa outros nem tanto, mas o fato é, que há um elenco de personagens em nossa história, assim como, na história de qualquer outro país, que direcionaram o rumo de nossa nação. E hoje os veneramos ou não, de acordo com seus esforços para formar um Brasil melhor. Todavia, assim deveria ser. Vejamos.

Recentemente, tivemos um tempo conturbado no Brasil, onde direitos individuais foram, simplesmente, expurgado, dos atos do Estado, não importando o “animus societas” Evidentemente, que falo da ditadura.

Personagens presentes a essa época não faltaram. Contudo, ficaram suas reputações, seus gestos, e o mais importante, ficaram os resultados de suas atuações, que repugnamos se ruim para sociedade ou enaltecemos se bom – pelo menos assim deveria ser.

Generais militares que impuseram ao Brasil, um Estado opressor a quem ousava questionar os métodos do Estado. Havia figuras, personagens em campo, que dava formas e ações a essas atuações opressoras do Estado. Sérgio Paranhos Fleury - O FLEURY - foi um desses.
Fleury foi um delegado do DOPS de São Paulo que ficou conhecido devido ao seu papel repreensivo exercido no Regime Militar. Várias vezes fora acusado de prática de tortura contra presos políticos, foi indiciado e condenado por crimes como dirigente do Esquadrão da Morte. No entanto, não chegou a cumprir pena, sendo sempre absolvido ou tendo suas prisões revogadas. Também foi condecorado pelo então governador Abreu Sodré (1969), foi escolhido delegado do ano em duas oportunidades (1974 e 1976).
O esquadrão da morte que Fleury estava a frente ousava a retirar PRESOS POLÍTICOS da prisão para sacrificá-los nas estradas. E, é de suma importância dizer que, preso político não é preso que tomamos conhecimento pelos programas televisionados, presos políticos não são marginais, não são criminosos que ofendem o direito de outro indivíduo, muito pelo contrário, presos políticos são pessoas que, pelo método de ação do Estado percebem que esse não está cumprindo seu papel no fundamental no contrato social em que todos estamos inserindo, inclusive o Estado, ou seja, são pessoas, que por não ser alienadas, procuram mover o Estado Leviatã a fim de lhe dar um outro rumo, que seja da vontade do povo também e não apenas do Estado, prova disso, são que a maioria dos presos políticos eram pessoas com nível intelectual alto, pois, conseguiam enxergar além do que era passado para nós pelo Estado, isso é fato.

Chegou-se a ter a criação, por Fleury, de um cargo de coveiro oficial secreto do Dops, que era a indicação de um homem que ficava encarregado de desaparecer com os cadáveres de quem morria em combate com as forças militares armadas ou em tortura. Torturas essas, que tinha Fleury como encarregado de executá-las.
Tais fatos estão expostos no livro recentemente lançado pelo repórter Percival de Souza chamado - Autópsia do medo – vida e morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury.

A ditadura foi um método inserido em vários países da América do Sul e central, pelo governo vigente do país, juntamente, com E.U.A. para acabar com o avanço da idéia socialista, que na época, se encontrava, cada vez mais presente em mais e mais países. Assim, nos sobra como exemplos os tratamentos e condenações que são dados aos responsáveis pelos anos repressivos nesses países e no Brasil. Vejamos:

O Presidente sul-americano, Jorge Rafael Videla, da Argentina, que chefiou a ditadura que matou 30 000 opositores entre 1976 e 1983, cumpre pena de prisão em seu país. O Almirante Emílio Massera, responsável pelo principal centro de tortura e assassinatos do país responde a vários processos e tem feito o possível para escapar de um julgamento na Itália, onde é acusado por torturas e morte.
Obviamente, que há muitos torturadores e responsáveis Por essas torturas, que não foram punidos. Porém, no Brasil, além de não puni-los, nossos representantes e até nós mesmos os tratamos com honradez, com prestígio. Como sou apenas um aluno universitário cito fatos para não haver dúvidas. Um dos acusados de torturas no Brasil é Diretor da Policia Federal, segundo a reportagem do jornalista Leandro Fortes da Carta Capital. Muitos outros gozam sua velhice no conforto de seus lares. Muitos Generais de guerra têm seus nomes estampados, como orgulho, em muitos monumentos. Alguns, já morreram por causas naturais, desconhecidas, ou misteriosa, como Fleury. Mas ainda a sociedade brasileira os prestigiam.
Contudo, mortos ou vivos, lhes damos uma reputação de homens que contribuíram com a formação da sociedade, quando na verdade, foram opressores da vontade do povo. Fleury, enquanto delegado de polícia, executava um serviço duro com os criminosos, isso não é questionável, porém, tratar igualmente, ou até mesmo de forma mais cruel, pessoas que queriam um Estado diferente, submetendo essas pessoas há torturas e mortes, é inconcebível. Bom, se for no Brasil, talvez seja concebível sim. Pois, mais do que não encarcerá-los, prestamos homenagens a pessoas que não fizeram nada mais do que oprimir a vontade, que deveria ser soberana, de um povo.

Que possamos manifestar nossas indignações com tais personalidades, invocando suas facetas medonhas e expondo seus grotescos crimes, pois, o medo à verdade é muito perigoso numa sociedade livre. Se é que a somos.

Eronildes S. Bispo Junior

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